Quando uma partida nos indigna assim, não há muitas palavras que nos ajudem. Morreu um homem bom, no bom sentido da palavra bom. Trata-se de Michael Breker.
O milagre da última obra do grande saxofonista – Pilgrimage (peregrinação, romaria), foi a última obra gravada por Michael Brecker, que faleceu com 57 anos. Padecendo de uma rara doença, síndrome mielodisplásica, desde meados de 2004.
Brecker viveu uma existência dolorosa até á morte. Todavia, em Agosto de 2006, teve forças para reunir um grupo de grandes músicos amigos para gravar este soberbo CD – um testemunho musical à altura do talento deste músico notável, para gravar este "peregrinação".
Foi um autêntico milagre que Brecker tivesse forças para produzir um Jazz tão vibrante como o que se ouve ao longo deste CD, a que chamamos “O Adeus de Brecker”. Músicos houve que, nas suas derradeiras gravações, denunciavam a fragilidade da sua saúde. Não é o caso de Michael Brecker, cuja música sempre esteve associada a uma certa ardência e a um carácter de urgência.
A impressão com que se fica depois da uma audição deste disco é a de que o músico estava – sabe-se lá com que sacrifício –, na posse de todos os seus recursos e faculdades, tão evidente nos seus solos, como na qualidade das suas composições. Vamos ouvir este milagre.
O Adeus de Brecker. Tocados pela surpreendente vitalidade do saxofonista, estão muito bem as outras estrelas que aqui se juntam ao amigo – companheiro: o pianista Brad Meldhau, numa rara atitude muito percusiva; Herbie Hancock, um mestre do teclado, mais jazzy do que nas suas intervenções mais recentes, alinhando intervenções brilhantes, criativas, originais; o guitarrista Pat Metheny, claro nos seus uníssonos com o saxofonista e objectivo nos seus solos; Jack DeJohnette, soa com uma intensidade que há anos não se lhe ouvia, e, por fim, o contrabaixista John Patitucci, discreto, mas sempre eficiente.
Pensar e Falar Angola
Posted by Toke
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